Má como as cobras

Em “Má como as cobras” constrói-se um lugar de encontro para o marginal. Exaltam-se palavras, reúnem-se figuras e personagens, constroem-se e destroem-se narrativas, questionam-se estereótipos, brinca-se com o obsceno, evoca-se aquilo que se fala entre dentes, expurgam-se males, atira-se mais lenha para a fogueira, pergunta-se: como é que há julgamentos que perduram tanto tempo?

Personagens simbólicas acumulam-se para criar novas perspetivas. Abrem-se possibilidades de confronto entre crenças e normas sociais, questionando as suas origens e consequências, num exercício de retorno histórico e social.

A figura feminina — tantas vezes alvo de abjeção e tentação — é aqui refletida através da bruxa, símbolo de uma misoginia histórica e da exclusão.

A galeria da ACERT torna-se palco para um conjunto de trabalhos que, entre a iconografia religiosa e pagã, dialogam com o território e o seu imaginário, explorando crenças populares e a dualidade que ainda ecoa sempre que se ouve: “Ela é má como as cobras”.